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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Uma ação cultural do "Pontinho de Cultura Brincantes do Amanhã

No último dia 15 de outubro foram realizadas as seguintes oficinas em Boa Água:
 
  1. Conhecendo fatos, história e rituais do reisado de Boa Água.
  • Público: crianças de 06 a 08 anos da comunidade.
 
2.     Elaboração e confecção dos personagens do Reisado com material reciclável;
  • Público: crianças de 09 a 12 anos da comunidade. 
     
    3.   Cultura e identidade: uma reflexão contemporânea.
    4. Meio ambiente;
    • Público: jovens do Projovem da comunidade.

    quarta-feira, 11 de maio de 2011

    Pontinho de Cultura Brincantes do Amanhã


    Conceituando a ação.
    O Nordeste Brasileiro possui um diversificado patrimônio no campo da cultura popular, singular pela sua pluralidade, gerada pelo hibridismo etnográfico, racial, social e religioso desde a sua formação.
    Esses bens culturais de natureza imaterial sobrevivem graças à força e a resistência dos grupos sociais que lutam para preservar a sua identidade cultural, através das práticas de costumes e cultos de suas crenças e valores afetivos.
    O Reisado Boi Coração data de 1930 quando um grupo de retirantes migrou do Baturité para o Sertão Central e fundaram a comunidade da Boa Água em Quixadá, e em suas bagagens trouxeram além da esperança por fartura, várias manifestações; mamulengos, danças de roda, benditos e os festejos do ciclo natalino e junino.
    Só no ano de 1992, a partir da Fundação da Associação Comunitária têm-se a necessidade de preservar as tradições culturais para as futuras gerações e para o país. Durante muito tempo a comunidade ficou isolada da zona urbana, muitas famílias migraram para outras cidades, o que contribuiu para o enfraquecimento de suas tradições.
    Por isso, o Pontinho de Cultura Brincantes do Amanhã se fundamenta para uma política de transmissão dos saberes e fazeres a partir de pesquisas, registros e promoção das manifestações culturais e sociais da comunidade junto às crianças, adolescentes e suas famílias.
    O Reisado de Caretas: Boi Coração, de Boa Água possui características bem singulares, onde pretendemos sistematizar uma metodologia que seja capaz de traduzir os símbolos (cantos, danças, crenças, gestual e visual) desta manifestação popular, que durante anos se mostram resistentes às novas mídias e tecnologias da informação. Assim, os filhos e filhas dos agricultores e agricultoras poderão garantir a permanência da identidade artístico-cultural da comunidade colaborando na preservação e manutenção do nosso patrimônio imaterial e na autovalorização dos grupos sociais que a praticam ao longo de décadas.
    Nesse sentido, podemos dizer que o reisado de caretas é a desconstrução do harmonioso e do belo, nas suas danças cada brincante expressa o que sente ao ouvir as músicas, não tem uma coreografia única para todos. De acordo com os depoimentos dos brincantes, Jesus veio para transformar a sociedade, e o reisado de caretas de certa forma, satiriza a realidade na qual ele esta inserido.
    A realização do Pontinho de Cultura requer um trabalho minucioso e sistemático junto as Crianças e Adolescentes durante o ano em curso, que compreende:
    - Estudos para conhecer os costumes e as crenças a partir do Reisado de Caretas: Boi Coração como forma fortalecimento e renovação dos jovens e das jovens brincantes;
    - Mobilizar a comunidade local e suas adjacências, bem como, divulgar as atividades e os resultados obtidos a partir das experiências em material impresso e digital, garantido assim, uma maior visibilidade ao Reisado e as suas tradições, Circular com o Reisado nos municípios cearenses;
    - Pesquisa de campo (cumprindo os ciclos: junino, natalino, carnavalesco e das festas dos santos do devocionário popular);
    - Registro audiovisual, iconográfico e fotográfico das manifestações;
    - Promover estudos sobre o Estatuto da Criança e Adolescente através de palestras para a comunidade;
    - Participação em congressos, seminários, fóruns de linguagens e conferências;
    - Realizar atividades de lazer e entretenimento para a transmissão de conhecimentos benéficos;
    - Contatos regulares com pesquisadores, comunidades, irmandades e grupos sociais de diversas regiões do país para intercâmbios;
    - Confecção de material didático para estudos com temas relevantes no tocante à criança e adolescentes (seus direitos e deveres)
    - Realização de oficinas lúdicas (brinquedos e brincadeiras).
    Dentre as atividades sugeridas pelo Projeto, destacamos o Direto da Criança de Brincar com outras crianças e a sua inclusão social na comunidade e aos bens e serviços públicos e de qualidade.
    Tais práticas impulsionam os jogos e as brincadeiras populares, além da competição saudável irá propiciar o desenvolvimento da imaginação, o espírito de colaboração, a socialização e ajudam a criança e ao adolescente se adaptarem melhor ao mundo.
    Atualmente, devido ao progresso e às mudanças dele decorrentes, as brincadeiras e jogos populares estão sendo substituídos pela televisão, pelos jogos eletrônicos e pelo computador.
    No contexto folclórico, o brinquedo popular é peça fundamental para o desenvolvimento intelectual e coordenação motora da criança.
    Mas apesar do avanço tecnológico, o brinquedo artesanal continua com a sua identidade cultural, que encanta as crianças de todas as gerações e classes sociais.
    O brinquedo artesanal nunca deixou de ser fabricado, principalmente na região nordeste onde o artesanato é o meio de subsistência da maioria da população.
    É grande a variedade destes brinquedos, que vai desde os carrinhos de madeira ou de lata, bonecas de pano, marionetes, aviãozinho de papel, pião, baladeiras, papagaio ou pipa, peteca e outros.
    Visando contribuir para o registro da memória desses jogos e brincadeiras populares, estaremos realizando oficinas de brincadeiras e confecção de brinquedos e o seu uso didático no desenvolvimento cognitivo da criança e adolescente.
    A manutenção dos valores culturais de nossa comunidade é um desafio constante, todos os dias superamos as dificuldades de manutenção das tradições populares, sobretudo aquelas consideradas de raiz, face a globalização, por isso o Reisado Boi Coração acredita na transmissão e perpetuação desta importante manifestação cultural como forma de passar as novas gerações esse elo de identidade cultural.
    Ao longo do ano o Projeto buscará uma REDE de instituições públicas e privadas com o intuito de ampliar a atuação e melhorar os seus indicadores sociais, culturais e educacionais. Bem como, formando parcerias com órgãos e com instituições ligados à salvaguarda do folclore e das tradições, fomentando diálogos entre o Reisado e o Pontinho de Cultura Brincantes do Amanhã, que juntos vivenciam com a comunidade suas formas de festejar a vida e celebrar o sagrado.

    SISTEMATIZAÇÃO DAS ATIVIDADES

    Novembro de 2010
    Assinatura do termo de responsabilidade jurídica junto a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará com a finalidade de normatizar a aplicação dos recursos para as atividades previstas no edital.

    Dezembro de 2010
    Levantamento in lócus situacional da comunidade, diagnóstico de demandas e Planejamento das atividades para o semestre.

    Janeiro de 2011
    O Projeto estabeleceu parcerias para uma interface junto á:
    Centro Antônio Conselheiro de Educação, Assessoria e Cultura Popular - CAC, Ponto de Cultura Sertão Cinema Cidadão, COMDICA – Quixadá - Secretaria do Desenvolvimento Social de Quixadá, Secretaria da Educação de Quixadá e Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central – FECLESC.

    Fevereiro 2011
    Atividade: Elaboração de material gráfico e impressão (cartaz, folder, banner)

    Março 2011
    Atividade: Oficina de incentivo a leitura e contação de estória
    Público alvo: professores (as), coordenadores (as) pedagógicos e gestores (as) escolares.

    Abril 2011
    Atividade: Leitura animada e contação de estórias com grupo de teatro de Quixadá
    Público alvo: Crianças, adolescentes e comunidade

    Maio 2011
    Atividade: Oficina sobre direitos e deveres da criança e adolescente
    Público alvo: criança, adolescentes e familiares

    Atividade: Dia de combate ao abuso e exploração sexual de criança e adolescente
    Público alvo: criança, adolescentes e familiares

    Junho 2011
    Atividade: Pesquisa de campo sobre o ciclo junino e formatação de apostilas para oficinas (quadrilhas juninas, danças populares, gastronomia, artesanato, música, os santos, e exposição fotográfica)
    Público alvo: criança, adolescentes, familiares e professores (as), coordenadores (as) pedagógicos e gestores (as) escolares

    Julho 2011
    Atividade: colônia de férias ( oficinas de brinquedos, pinturas e desenhos, oficinas de brincadeiras e jogos lúdicos, exibição de filmes.
    Público alvo: criança e adolescentes

    Agosto 2011
    Atividade: pesquisa sobre o folclore brasileiro e formatação de apostilas para oficinas (danças, mitos, lendas) programação artística.
    Público alvo: criança, adolescentes e comunidade

    Setembro 2011
    Atividade: Oficina sobre o reisado da Boa Água( fatos, estórias e rituais), elaboração e construção de personagens, adereços e instrumentos musicais.
    Público alvo: criança e adolescentes

    Outubro 2011
    Atividade: Pesquisa de campo sobre o ciclo natalino e formatação de apostila para oficinas.
    Público alvo: criança e adolescentes e comunidades

    Novembro 2011

    Atividade: comemoração do Dia da Cultura ( exibição de filmes educativos, palestras, apresentações artísticas)
    Público alvo: criança e adolescentes e comunidades

    Atividade: relatório das atividades do período e prestação de contas

    Dezembro 2011
    Atividade: Mostra natalina (apresentação do reisado, novenários, confecção de lapinhas e cantos natalinos)
    Público alvo: criança e adolescentes e comunidades

    sexta-feira, 29 de abril de 2011

    Vídeos produzidos em Quixadá

    http://www.youtube.com/watch?v=0HfzHqn7Sm8

    Síntese das personagens do reisado de caretas

    Produção: Edinês Brito Pereira



    Boi coração: um reisado de retorno.


    O reisado de caretas é uma brincadeira presente em todo o território cearense, sendo mais freqüentes no Sertão Central, onde o ciclo do gado influenciou a vida do sertanejo, conseqüentemente todo o seu imaginário e suas práticas culturais. Este folguedo tem como uma de suas raízes os tempos das antigas Festas de Entrudo na Região Ibérica. No Brasil essas festas se fundiram a diversas influências indígenas e negras variando suas formas de manifestação cultural de região para região, tornando singular cada reisado e suas formas de expressão.
    No presente trabalho procuramos mostrar um pouco do Reisado de Caretas Boi Coração e compreender a historicidade dos reisados de caretas em Cipó dos Anjos, distrito do município de Quixadá - Ceará. Tentando compreender as mudanças e permanências na sua representatividade e comentar sobre o significado de cada personagem dentro do folguedo.

    OS CARETAS OU PAPANGUS


    Um Reisado de retorno

    Segundo a tradição, o reisado de caretas tem sua origem quando os três Reis Magos fora visitar o Menino Jesus e lhe ofereceram os presentes: ouro, incenso e mira. Porém, antes deles chegarem a Belém tinha passado por Herodes, que dizia também querer homenagear o futuro rei dos judeus. Herodes pediu aos Reis Magos que ao retornarem da visita passassem por seu palácio e comunicasse onde ele podia encontrar a criança.
    Os Reis Magos ficaram maravilhados com o contexto em que o Filho de Deus nasceu, compreenderam que toda a riqueza e pompa eram coisas supérfluas. Passaram a louvar a Deus e saíram cantando e brincando. No seu trajeto de volta, para seus palácios, foram avisados por um anjo que não dissessem a Herodes onde Jesus estava. Pois Herodes pretendia matá-lo.
    Contudo, eles tinham que retornarem pelo mesmo caminho de onde vieram. Surge, então, a idéia de se despojarem de suas vestes de luxo e voltaram usando máscaras e trapos, uma forma de louvor a Deus pelo seu despojamento e de enganar a Herodes. Retornaram pedindo esmolas e cantando por onde passavam, não foram reconhecidos como reis, mas como mendigos. Por este motivo se justifica a forma como os caretas se apresentam no reisado, sem roupas luxuosas e às vezes até descalços.

    “De quantos creios, folganças e desenfados populares há em nosso Pernambuco, eu não conheço um tão tolo, tão estúpido e destituído de graça como o aliás bem conhecido bumba-meu-boi. (...) Até aqui não passa tal divertimento de um brinco popular e grandemente desengraçado. Mas de certos anos pra cá não há bumba-meu-boi que preste, se nele não aparece um sujeito vestido de clérigo, e algumas vezes de roquete e estola para servir de bobo da função. Quem faz ordinariamente o papel de sacerdote bufo é um brejeirote despejado, e escolhido para desempenhar a tarefa até o mais porco e nojento ridículo. Em um país católico romano consente-se e aplaude-se que na maior publicidade sirva de bobo um bandalho disfarçado em sacerdote, e com as vestimentas do culto...”1

    Nesse sentido, podemos dizer que o reisado de caretas é a desconstrução do harmonioso e do belo. Nas suas danças cada brincante expressa o que sente, ao ouvir as músicas, não tem uma coreografia única para todos. De acordo com os depoimentos dos brincantes, Jesus veio para transformar a sociedade e o reisado de caretas de certa forma satiriza a realidade na qual ele esta inserido.


    O BUMBA-MEU-BOI



    Há várias versões sobre a origem do auto do boi no reisado. Uma delas diz que Catirine, representada aqui segurando o rabo do Boi, desejou comer a língua do boi da fazenda e pediu ao seu marido, Mateus, no caso aqui é o Caboclo, para matar o animal. Por ela está grávida, ele acabou cedendo ao desejo da esposa e matou o bovino. Pressionado pelo patrão o caboclo recorre a orações e cantos e ressuscita o animal de estimação. O auto consiste na morte e ressurreição do boi.
    “O mais impressionante em nossas viagens foi descobrir como uma única tradição vai se alterando ao se adaptar aos costumes locais’, contou à SUPER o antropólogo Hermano Vianna. ‘O melhor exemplo é o festejo do boi. Encontrei tantas variações que desisti de procurar o original’, confessa. Em todo o país, a narrativa encenada com dança é sempre parecida: uma rês morre e é ressuscitada por um curandeiro. (...) Já o pesquisador José Ramos Tinhorão garante que a folguedo deve-se a uma contribuição do holandês Maurício de Nassau. Para inaugurar a ponte sobre o Rio Capiberibe, em Recife, no dia 28 de fevereiro de 1644, o conquistador da cidade teria mandado empalhar um boi que, amarrado por cabos, criava a ilusão de voar pelos ares. A atração teria sido criada por razões econômicas, já que a travessia da ponte exigia o pagamento de pedágio. A mesma história é narrada no capítulo O Boi de Palha, do livro Geografia do Brasil Holandês, do folclorista Luís da Câmara Cascudo.2


    O Reisado de Caretas: Boi Coração, de Boa Água possui características bem singulares. Conserva nos seus cantos e danças as expressões, as representações e as manifestações artísticas de cada ator, agricultores e estudantes, filhos de agricultores, os brincantes, cuja idade varia entre 08 e 75 anos. Nosso propósito é mostrar e valorizar a importância deles enquanto promotores de cultura.


    A BURRINHA



    A burrinha, assim como as demais figuras do Reisado são representações reais e mitológicas de um período da vida sertaneja, que consiste em bailados, nos quais os caretas têm uma participação efetiva. Ela representa, também, o poder do dono da fazenda ao ornamentar seu animal com os melhores adereços daquela época, o que de certa forma lhe dava status sociais. Embora seja um entremeio singelo, ele é muito apreciado no espetáculo pela forma como acontece, ou seja, dançado e cantado. O aspecto religioso é que além de testemunhar o nascimento de Cristo, por isso, é considerado como um animal sagrado para o sertanejo, ela traz em seu lombo as marcas da urina de Jesus em forma de cruz.


    EMA OU PINTINHA



    Encontrada na fauna do sertão nordestino durante o período de ocupação do território e admirada por sua velocidade, passou a fazer parte dos reisados. No de Boa Água ela é conhecida também como “pintinha”. A figura feita de caçoá, uma espécie de cesto que se usava em carga de tropeiros, era enfeitada de papel e agora está sendo enfeitada com TNT, dando a impressão de que são penas. Num dos seus lados são colocados o pescoço e a cabeça de madeira, cujo bico abre-se no momento da apresentação para que o público coloque sua oferta em moedas.


    CAIPORA


    A caipora consiste na apresentação de um menino usando máscara, cachimbo e flecha. O personagem lendário do folclore brasileiro é representado no folguedo de forma singela e interessante. Segundo a tradição sertaneja, ao encontrar alguém na floresta a caipora pedia fumo. Caso a pessoa não desse o tabaco, ela começava a assobiar e a pessoa ficava perdida na mata. Quando ocorria o contrário ela encaminhava o indivíduo a sua casa. Ainda hoje há histórias a respeito da caipora em nossa região. Segundo o próprio Chico Emília, vaqueiro do Reisado já foi seguido por uma caipora. Para ele a caipora é um ser real, “protetor das caças”, como ele mesmo diz. No auto sua atuação desenvolve-se a partir do bailado:

    “Quê que tem caipora
    Que tanto chora (bis)
    Pensando na mãe dela
    Que foi embora (bis)

    Cadê caipora que não
    Quer chegar (bis)
    Talvez teja esperando
    A outra chegar (bis) ...”



    CABEÇA DE FOGO OU ALMA



    Antigamente, no sertão, eram costume as cotações de história envolvendo assombração e nas noites escuras algumas pessoas vestiam-se de branco, colocavam uma cabaça com uma lamparina acesa dela e ficava nos locais mais estratégicos para assombras quem por ali passava. A cabaça tem furos semelhantes a boca, olhos e nariz, dando a impressão de que fosse o Diabo. A partir desse mito surge o personagem no folguedo e está presente até hoje.



    VITALINA



    Boa Água, Cipó dos Anjos, Quixadá – Ce.
    2011


    A personagem da Vitalina é uma homenagem as moças que não conseguiram arranjar um casamento. Sua apresentação consiste em dança e na procura de um par para um possível casamento, onde ela escolhe alguém em meio ao público que assiste ao espetáculo. No entanto, ela acaba solteirona.


    BABAU



    O Babau é a penúltima figura a apresentar-se na folgança. Sua participação é breve. O Babau é uma carcaça da cabeça de um cavalo que chega conduzido por um dos caretas. Depois de correr um pouco em meio aos papangus, morde um, soltando o indivíduo somente quando for colocada uma rapadura em sua boca. Segundo a tradição popular, o Babau é um fantasma do cavalo de um antigo fazendeiro que costumava a assustar as pessoas que encontrava em meio ao caminho pelo qual passava. Ainda hoje os pais fazem referência a esta figura mitológica para amedrontar as crianças. Mas, segundo Chico Emília, isso não é verdade. Ele é um cavalo velho e magro que não consegue ficar mais exuberante. O entremeio é acompanhado por uma música e pela letra;

    Cavalo véi, cavalo chotão
    Ganha dinheiro pro teu patrão
    Cavalo véi do Iguatu
    Pega na mão do papangu
    Cavalo véi do Quixadá
    Ganha dinheiro pra nós gastar...




    Momento da Tabacada


    Este ato é o momento em que a Velha, a mãe dos papangus, passa mau e acaba desmaiando. Antigamente, dizem os brincantes, que quando as pessoas desmaiavam ou tinham ataques epiléticos, usava-se uma mistura de pimenta e tabaco para o individuo inalar e voltar ao normal. Assim ocorre com a personagem após um dos caretas dizerem alguns relaxos e desta forma termina o folguedo.


    BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS

    ARANTES, Antonio Augusto. O Que é Cultura Popular?. 14a Edição. São Paulo. Editora Brasileiense, 1990.
    ANDRADE, Lauro Ruiz. Bumba-Meu-Boi e Outros Temas. Edições UFC. Fortaleza-CE: Col. Alagadiço Novo, 1985.
    ALVES, Teresinha de Jesus. “Quando começava aquele xote eu mim arrepiava todo e queria logo sapatear e dizer relaxos”: Reisado de Reriutaba. Fortaleza – CE: UECE, 2002, (Monografia apresentada ao curso de especialização da \Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do título de especialista em Metodologia do Ensino de História)
    BRANDÂO, Carlos Rodrigues. O Que é Folclore?. 7a Edição. São Paulo-SP. Coleção Primeiros Passos, 1986.
    BARROSO, Gustavo. Terra do Sol (Natureza e Costumes do Norte). 6a Edição. Fortaleza-CE: Editora Imprensa Universitária, 1962
    BARROSO, Oswald. Reis de Congo. Fortaleza-CE: Ministério da Cultura. Faculdade Latina – Americana de Ciências Sociais. Museu da Imagem e do Som, 1996.
    BURKE, Peter. Sociologia e História. Lisboa – Portugal: Editora Afrontamento, 1988.
    D’ALÉSSIO, Márcia Mansor. Memória: Leituras de M. Halbwachs e P. Nora. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 13, n. 25/26, p. 97-103, set. 1992/ago. 1993.
    CERTEAU, Michel de. Artes de Fazer: A invenção do Cotidiano. Petrópolis: Vozes, 1994.
    CHARTIER, Roger. “Cultura Popular”: revisitando um conceito historiográfico. Estudos Históricos. Rio de janeiro, v 8, n 9. p. 179-192, 1995.
    COELHO, Teixeira. O Que é Industria Cultural. 14a Edição. São Paulo: Brasiliense, 1991.
    COSTA, João Eudes Calvalcante. Retalhos da História de Quixadá. Rio-São Paulo-Fortaleza: ABC, 2002.
    EDELWEISS, Frederico. Apontamentos de Folclore. Salvador-BA: EDUBA, Coleção Nordestina, 2002.
    FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da Língua Portuguesa Séc XXI. 3a edição. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1999.
    GINZBURG, Carlo. O Queijo e os vermes: o cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
    GAMA. Lopes. O carapuceiro: Crônicas de costumes. São Paulo-SP. Companhia das Letras, Coleção Retalhos do Brasil, 1996. (Organização Evaldo Cabral de Melo).
    GENNARI, Emílio. Conclusões do Primeiro Encontro Americano pela Humanidade e contra o Neo-Liberalismo. La Realidad-Chiapas: 6 de abril de 1996.
    HABERT, Nadini. A Década de 70. São Paulo: Àtica, Coleção primeiros Passos. 1992.
    HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo-SP: Companhia das letras, 1995.
    IN: GUAZZELLI, et. Questão de teoria e metodologia da História. Porto Alegre: Editora Universidade/ UFRGS, 2000
    LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime representativo no Brasil. São Paulo: Editora Alfa-Omega, 1975.
    LEITÃO, Claudia Sousa. Por uma ética da estética: uma reflexão a cerca da “Ètica Armorial” Nordestina. Fortaleza-CE: UECE, 1997.
    MONTENEGRO, Antonio Torres. História Oral e Memória. São Paulo: Editora Contexto, 1994.
    MÂCEDO, Maria Helena N. de. A Vázea do Meio e o Reis de Couro: Sobrevivência de uma Manifestação Secular. Bodocó-PE. URCA, 2001. (Monografia apresentada á coordenação do Curso de Especialização em História do Brasil-Turma III, da Universidade Regional do Cariri –CE)
    ORTIZ, Renato. BORELLI, Silvia Helena S. & RAMOS, José Mário Ortiz. Telenovelas: História e produção. 2a Edição. São Paulo: Editora Brasiliense, 1991.
    PROENÇA, Maria Candido e MANIQUE, Antonio Pedro. Didática da História: Patrimônio e História Local. 1a Edição, Portugal-Lisboa: Texto Editora.
    SOUZA, Océlio Teixeira de. A Festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio de Barbalha.(CE): entre o controle e a autonomia (1928-198). Rio e Janeiro: UFRJ /UFC, 2000. DISSERTAÇÃO (Mestrado em História Social)
    THOMPSOM, E. P. História Social e Antropologia. San Juan-México: Instituto Mora, 1994.
    NEVES, Joana. O Ensino de História Local. Projetos Patos. João Pessoa: NDIHR/UFPB, 1983.
    VIEIRA, Maria do Pilar Araújo. A Pesquisa em História. São Paulo: Ática, 2000
    MASSON, Celso. bumba-meu-boi. Revista Super Interessante. Ano 14, n 6, p.57, jun. 2000.
    GROSSI, Yonne de S. e FERREIRA, Amauri C. Revista da Associação Brasileira de História Oral.. v 4, n. 9, p. 25 e 31, jun. 2001


    FONTES

    Nós temos dois tipos de fontes primárias: as orais e as escrita.
    As orais dividem-se em dois grupos: os brincantes dos Reisados de Espinheiro e Boa Água e os moradores e ex-moradores do distrito que deram contribuições valiosas para a constituição deste trabalho. A segunda consiste nos livros de memória do Reisado de Caretas: Boi Coração e em duas reportagens de um jornal do Estado.

    ATORES DOS FOLGUEDOS ENTREVISTADOS:

    Ânjelo Batista (Seu Raimundo Batista), em 31/01/2003.
    Antônio Rodrigues da Silva (Seu Sitônho), em 24/04/2001 e em 20/05/2008.
    Everardo Domingo Firmino, em 20/05/2008.
    Francisco Alves de Oliveira (Titico), em 29/01/2003.
    Francisco Ferreira Néris (Chico Emílio), em 29/10/2002 e em 20/05/2008.
    Francisco Ferreira Neto (Chico Mago), em set. 2002.
    Francisco Firmino de Assis (Seu Assis), em 2910/2002 e em 26/05/2008.
    José Alves de Lima (Lima),08/09/2002.
    José Laurentino da Silva (Seu Ciço Marculino), 07/08/2002.
    José Mascena da Silva (Seu Duda), em 19/11/2002.
    José Mascena da Silva Filho (Dedé do Duda), em 28/09/2002.
    Raimundo Alves (Mundola), em 25/01/2003.
    Sebastião Ferreira da Cruz (Sebastião Mago), em 29/09/2002.


    ESPECTADORES DO REISADO, MORADORES E EX-MORADORES DO DISTRITO CIPÓ DOS ANJOS ENTREVISTADOS:

    Aírton Buriti de Lima
    Antônia Eliene de Freitas do Nascimento (Liça), em 25/03/2003.
    Dionisa Maria de Lima (Dona Nuca), em 14/12/2002.
    Edilene Ferreira Néris (Lenor), em 29/10/2002.
    Edimunda dos Santos Ferreira, em set. 2002.
    Ercília Inácio, em 08/12/2002.
    Ecília Pontes Pereira Soares, em jan. 2003.
    Francisco Erivaldo de Holanda, em 14/12/2002.
    Maria Dila Buriti de Sousa, em 16/03/2003.
    Maria de Lurdes Arruda Alves (Lurdinha), em 08/09/2002.
    Maria de Lurdes Buriti de Lima, em 25/02/2003.
    Maria Martins da Silva (D. Mulica), em 25/02/ 2003.
    Nair Honorato da Silva, em 26/03/2003.



    FONTES ESCRITAS:

    Diário do Nordeste. Fortaleza, Ceará – 17 de agosto de 2005.
    Diário do Nordeste. Fortaleza, Ceará – 21 de agosto de 2005.
    Os dois livros de memórias do Reisado de caretas: Boi Coração.

    Caretas dançando

    Educação e diversidade

    Caretas e coordenadores de ação cultural do SESC-CE., em Boa Água, setembro de 2010.

    "Uma das representações teatrais mais antigas do universo sertanejo, onde os homens faziam todos os papéis"

    quinta-feira, 28 de abril de 2011

    REISADO DE CARETAS BOI CORAÇÃO



    Reisado de Caretas Boi Coração é um grupo folclórico, localizado no distrito de Cipó dos Anjos, Quixadá - CE. Mas precisamente no lugarejo conhecido como Boa Água. Este grupo é uma herança dos migrantes da região do Maciço de Baturite-CE., que se estabeleceram no distrito desde o início da década de 1930.    Seu Assis e Seu Sitônio, falecidos, são os fundadores do grupo. Ambos chegaram ao distrito ainda crianças, passando a brincar no reisado de seus familiares. Hoje tem à frente, como mestre, o Senhor Francisco Ferreira Neris, mais conhecido por Chico Emília. Em 2015, o grupo foi contemplado  com o título de Tesouro Vivo da cultura do Estado do Ceará pela SECULT, Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, e, em 2023, seu território foi reconhecido como Ponto de Cultura do Estado do Ceará.